quarta-feira, 19 de maio de 2010

30 anos sem Ian Curtis e o adeus a Dio

Domingo morreu Ronnie James Dio, uma das pessoas mais importantes para a musica, deixo para vocês o texto do Kid VInil, uma enciclopédia ambulante, falando da morte desse fera, e dos 30 anos da morte de Ian Curtis (vocalista do Joy Division) outro ícone da musica.

São pessoas que eu gosto muito, Dio pelo papel que desempenhava, e Ian pelas letras e a guinada que ele conseguiu dar na cena musical da época dele.

Fiquem com o texto:

Ontem completaram 30 anos da morte de Ian Curtis, vocalista do Joy Division, e no último domingo (16) recebemos a triste notícia da morte do vocalista Ronnie James Dio. Concordo que os dois são de gerações e estilos completamente diferentes. Geralmente faço esse contraponto em minhas colunas, alguns reclamam do fato de eu colocar no mesmo balaio coisas completamente antagônicas. A culpa é desse meu ecletismo musical, pois desde cedo aprendi aceitar música como um todo, enquanto ouvia Beatles, prestava atenção no jazz de John Coltrane e Miles Davis e assoviava as baladas de Elvis Presley. Por essa razão, resolvi falar desses que foram dois grandes nomes rock, ainda que em momentos completamente diferentes.

Ian Curtis nasceu em Manchester, na Inglaterra, em 1956. Deslumbrado com o movimento punk e inspirado em Stooges, David Bowie e Velvet Underground, Curtis montou o Warsaw, que em seguida passou a se chamar Joy Division, a primeira banda do movimento que seria conhecido como pós-punk. O Joy Division gravou apenas dois álbuns, mas que servem de referência até hoje para muitas bandas novas. O disco de estreia, Unknown Pleasures, é um marco na história do rock independente inglês e trouxe todo um conceito para o selo Factory Records (gravadora independente de Manchester). O disco é inovador em todos os sentidos, até mesmo no conceito da arte minimalista de capa – feita pelo artista inglês Peter Saville, que passou a desenhar todas as capas dos álbuns lançados pela Factory Records

Meses antes do Joy Division lançar o segundo álbum, Closer, em 18 de maio de 1980, Ian Curtis cometeu suicídio. Esse segundo trabalho era um passo à frente no processo criativo do grupo. Ficou no ar uma incógnita: qual seria a direção que a banda tomaria depois de dois discos clássicos e inovadores como esses? Antes de Curtis se matar, a banda havia feito um acordo de que se um dia houvesse o desligamento de algum membro importante, o grupo deveria mudar de nome e tomaria uma outra direção. E foi justamente o que aconteceu. O guitarrista Bernard Sumner assumiu os vocais e rebatizou a banda como New Order.

Fica aqui esse breve manifesto à obra tão importante do Joy Division, se você não conhece, aconselho ouvir Unknown Pleasures (1979) e Closer (1980). Para alguns, podem até soar estranho, pois estes álbuns têm concepções musicais bem diferentes das coisas mais convencionais do rock. Lembro que quando eu ouvi Joy Division pela primeira vez, tive o mesmo impacto de quando conheci A Love Supreme, de John Coltrane. Comparação absurda? Não considero, foi apenas para citar a importância desses dois discos tão inovadores para música, independente de estilos.

Saindo do pós-punk e chegando ao heavy metal, a notícia triste que abalou o mundo metaleiro esta semana foi a da morte de Ronnie James Dio. Por coincidência, Dio morreu em um momento no qual eu estava resgatando coisas feitas por ele durante os anos 70 e início dos 80. Há um tempo atrás, quis conhecer uma de suas primeiras bandas, o Elf, e peguei o CD de estreia, lançado em 1972. Nessa época, ele ainda não assinava como Dio, mas como Ronald Padavona, e também tocava baixo além de cantar.

Fã declarado de Deep Purple, Dio conseguiu que Roger Glover e Ian Paice produzissem o primeiro disco do Elf, que acabou em uma turnê com as duas bandas. Depois dessa parceria com Glover e Paice, Dio foi convidado pelo guitarrista Ritchie Blackmore (ex-Deep Purple) a entrar no Rainbow. A banda rendeu três grandes discos que marcaram a história do rock, principalmente o último, gravado já com Dio no vocal, o álbum Long Live Rock And Roll (1978).

Nos anos 80, Dio substiuiu Ozzy Osbourne no Black Sabbath, com quem lançou três discos de estúdio, Heaven and Hell (1980), Mob Rules (1981) e Dehumanizer (1992) e um disco ao vivo, Live Evil (1982). Recentemente, foram relançados em edições duplas os três discos gravados em estúdio. Confesso que sempre resisti à ideia de ouvir o Sabbath sem Ozzy nos vocais, e na época não dei a mínima para essa fase com Dio. Acabei redescobrindo a banda com o Heaven and Hell. Os dois discos posteriores também são bastante recomendados e quem estiver interessado nessas edições especiais que saíram no mês passado, procure aqui.

Depois dessa fase gloriosa, foi a vez de Ronnie James Dio formar sua própria banda. Claro que ele recrutou músicos com os quais já havia trabalhado no Rainbow e no próprio Black Sabbath. O primeiro disco solo, Holy Diver (1983), é mais um clássico da carreira de Dio. Ele atravessou os anos 80 e 90 com o status de um dos maiores vocalistas do heavy metal.

Infelizmente, nos últimos anos ele estava debilitado devido a um câncer de estômago e deixou este mundo aos 67 anos de idade. Um depoimento de fã que me emocionou bastante foi o do baterista Lars Ulritch, do Metallica. No site oficial da banda (metallica.com), Lars disse que era um fã de longa data de Dio. Há 31 anos, quando ainda era garoto, Lars foi até o hotel onde Dio estava hospedado para ver se conseguia um autógrafo e uma foto ao lado de seu ídolo. Ele ficou lá de plantão e depois de algumas horas Dio apareceu e atendeu a todos com o maior carinho, e Lars conseguiu sua tão sonhada lembrança do vocalista que ele tanto adorava. Em 2007, Lars teve a chance de tocar ao lado de Dio na Áustria e relembrou desse epísódio e da figura que o inspirou.

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